sábado, 28 de fevereiro de 2015

Do que fica na estante

Ultimamente, tenho sentido uma falta de tempo absurda. 
Principalmente para escrever.
Do pouco que me sobra, a mente ainda insiste em ficar pensando em você. 
Que fique bem claro, mesmo sem querer.
Depois da euforia do encontro e da tristeza da saudade, 
no auge de uma despedida sem previsão de volta, 
o coração repousa tranquilo. 
Querer esquecer faz todo sentido, mas a vontade que ficou no peito 
não consegue ser tão coerente assim.
Na verdade, nunca fui de esquecer acontecimentos. 
Eles sempre fizeram parte de mim. 
São como uma estante cheia de prateleiras. 
As coisas mais usadas ficam embaixo, acessíveis e práticas de se encontrar. 
As menos usadas ficam lá em cima, mais difíceis de retirar. 
Essas, em alguns momentos, parecem me chamar gritando por socorro. 
No topo, se sentem sozinhas e abandonadas. 
Geralmente, esperam que meu tempo se acerte 
para que eu pegue um velho banco e suba para o esperado resgate. 
Assim são as minhas lembranças. 
O que elas não sabem é que todas têm a mesma importância. 
Todas me dão o mesmo trabalho e sensações bem diferentes. 
Todas compõem a bela estante da minha mente.
Mas voltando ao que não foi esquecido, tenho subido no tal banco 
para resgatar essa lembrança com certa frequência. 
Confesso: isso tem me deixado sem paciência. 
Apesar de que também tem feito bem. 
Oxigenou o ambiente e deu um novo ar à estante.
E mesmo com tão pouco tempo, 
sempre dou um jeitinho de arrumar cada prateleira com muito carinho. 
Costumo visitar saudosamente a lembrança da vez, 
que poderá enfeitar a vida ou ser apenas mais uma que compõe esse móvel.

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