domingo, 10 de maio de 2015

Playlist

No silêncio calmo de uma noite,
A playlist rotineira rolava nos fones
Quando uma música chegou de surpresa,
Assim como essa lágrima que acaba de cair.
Um som inesperado, inexplicável.
Que desassossega e inquieta.
Transporta e traz paz.
Questiona e aproxima.
Mas distancia também.
Abraça a alma. Envolve.
Define e reflete um viver
Desperta e faz o tempo correr.
Som de aconchego, choro que pede silêncio.
E silencia.
Quando percebi,
Vi minha vida sendo cantada
Em notas que não escolhi.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Do que fica na estante

Ultimamente, tenho sentido uma falta de tempo absurda. 
Principalmente para escrever.
Do pouco que me sobra, a mente ainda insiste em ficar pensando em você. 
Que fique bem claro, mesmo sem querer.
Depois da euforia do encontro e da tristeza da saudade, 
no auge de uma despedida sem previsão de volta, 
o coração repousa tranquilo. 
Querer esquecer faz todo sentido, mas a vontade que ficou no peito 
não consegue ser tão coerente assim.
Na verdade, nunca fui de esquecer acontecimentos. 
Eles sempre fizeram parte de mim. 
São como uma estante cheia de prateleiras. 
As coisas mais usadas ficam embaixo, acessíveis e práticas de se encontrar. 
As menos usadas ficam lá em cima, mais difíceis de retirar. 
Essas, em alguns momentos, parecem me chamar gritando por socorro. 
No topo, se sentem sozinhas e abandonadas. 
Geralmente, esperam que meu tempo se acerte 
para que eu pegue um velho banco e suba para o esperado resgate. 
Assim são as minhas lembranças. 
O que elas não sabem é que todas têm a mesma importância. 
Todas me dão o mesmo trabalho e sensações bem diferentes. 
Todas compõem a bela estante da minha mente.
Mas voltando ao que não foi esquecido, tenho subido no tal banco 
para resgatar essa lembrança com certa frequência. 
Confesso: isso tem me deixado sem paciência. 
Apesar de que também tem feito bem. 
Oxigenou o ambiente e deu um novo ar à estante.
E mesmo com tão pouco tempo, 
sempre dou um jeitinho de arrumar cada prateleira com muito carinho. 
Costumo visitar saudosamente a lembrança da vez, 
que poderá enfeitar a vida ou ser apenas mais uma que compõe esse móvel.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Suficiente para ser feliz

É preciso coragem para seguir. Logo ali um novo mundo te espera. 
Mas só ele pode esperar.
- Então, o que você está esperando? Corre! Vem sem medo! Deixa esse receio pra trás. 
O que vem pela frente vai te fazer querer sempre mais.
- Mais? Achei que já tivesse o suficiente para ser feliz.
- Dizem por aí que nunca estamos satisfeitos, que nada é perfeito.
- Mas vamos relativizar: necessidades e desejos não podem variar?
A verdade é que seguimos um roteiro movido a sonhos: 
sonhamos, planejamos, trabalhamos muito e, finalmente, ele se torna realidade. 
Acabou? Nada disso! É hora traçar novos objetivos, sonhar novos sonhos.
E nessa inconstância da vida, reza a lenda de que, no fim das contas, 
só precisamos de mais amor e menos despedidas.

domingo, 7 de setembro de 2014

A música me conduz

Passo dias contando os dias.
Segundos, minutos e horas que giram lentamente no relógio.
Uma verdadeira valsa resumida em um simples “tiquetaquear”.
Um tempo maluco que ora passa depressa, ora não quer andar.
Quer saber? Danço conforme a música.
É verdade, a música me conduz.
O som que reverbera aqui dentro varia de acordo com o momento.
Nada como um dia punk pra despertar aquele desejo incontrolável de ouvir um reggae.
Hora de acelerar as coisas? Põe um rock no último volume, só para não perder o costume.
Sem esquecer que, para simplesmente viver, basta se jogar na MPB.
Ah! Não vem com essa de “trilha sonora da vida”.
Cada momento tem sua peculiaridade e sua trilha. Nem adianta tentar evitar.
Já não existe música boa ou ruim.
Existem aquelas de momento e as que ultrapassam limites de espaço e de tempo.
Despir-se de qualquer preconceito. Tornar-se eclético.
Querer acelerar, ou retardar, as coisas não faz mais sentido.
O importante é acertar o passo e seguir dançando.
Se você pôde me ouvir até agora com seus olhos, preste atenção: 
há uma imensidão de músicas para serem ouvidas... E vividas. 

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Somar

Acabo de me inteirar sobre o passado.
Não existem mais metades.
Meio sentimento, meio gesto, meia vontade.
Sou inteiramente o que passo no presente.
Quero abraçar novos motivos para viver a cada dia,
quero perceber detalhes ganhando a imensidão da importância,
quero a certeza de quem arrisca,
mesmo sem saber ao certo o resultado dessa escolha.
Escolhi ser inteira sem precisar que outra existência me complete.
Habita em mim uma plenitude, uma coesão racional e emocional.
Só eu sei bem o que me basta.
Então, se for pra chegar, que seja para somar.
Mas nunca com a pretensão de querer completar
o que já é suficiente em mim.


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Monotonia

Essa vontade de escrever me bate de repente.
Chega como quem não quer nada.
Acerta-me como uma brusca pancada.
Até consigo ver estrelas nos embalos dessa confusão. 

A batida foi forte, mexeu com tudo aqui dentro.
Sabe aqueles pensamentos soltos? Prenda-os se for capaz!
Tudo se mistura nesse choque emocional
que descarrega uma eletrizante energia no papel - 
ou na tela do computador. 
Não adianta tentar esquecer, uma hora a lembrança vai chegar.
Escondida, dorme quieta só esperando a hora certa - ou errada - de despertar. 
Foi vivido, não tem jeito. O que se pode fazer? 
Ora, basta decidir se esse pensamento vai ficar.
Ah, mas que tolice, falo como se fosse possível controlar. 

Melhor mesmo continuar a escrever do que permanecer nessa monotonia
de ficar pensando em você.